O Lado Ruim da Vida
- Tiago Henrique Oliveira Lima
- 23 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de out. de 2024
Este título não busca valorizar as faces negativas da vida. Sabemos que, quando a nossa percepção da vida se torna embaçada, tendemos a focar apenas nos aspectos negativos. Essa é a famosa visão negativista, que só valoriza o pior. No entanto, também não defendo os otimistas desvairados que negam e evitam a todo custo o lado ruim da vida. Nem o otimista nem o negativista encontram a plenitude necessária para uma vida plena e potente. O equilíbrio está no realista, não no negativista que se nomeia realista, nem naquele que propaga uma positividade tóxica. É na realidade, e somente nela, que reside a possibilidade da autorrealização. Assim, este texto propõe um olhar realista, mas esperançoso sobre a vida. Afinal, tudo está entrelaçado: o lado ruim com o lado bom, o dia com a noite, o sol com a lua, a alegria com a tristeza, a fome com a satisfação, a dor com o alívio, a vida com a morte.
Altos e Baixos Interconectados

A vida é uma jornada de inúmeros altos e baixos que se interagem constantemente. É fundamental saber apreciar o lado bom da vida e reconhecer nossas pequenas conquistas. Mas também precisamos valorizar as lições que os momentos difíceis trazem. Esses desafios são parte essencial e inevitável da experiência humana. Evitar constantemente dificuldades impede o desenvolvimento da capacidade de enfrentá-las e superá-las, habilidades essenciais para o crescimento pessoal. Os lados bom e ruim da vida estão interligados, e não podemos experimentar plenamente um sem o outro. Aceitando e reconhecendo ambos, encontramos equilíbrio e significado para nossas existências. Negar as dificuldades, dores, tristezas, perdas, velhice e morte não beneficia nosso crescimento pessoal e pode distorcer a visão da realidade. A negação e a distorção promovem uma existência alienada, que nega os fatos cruciais da condição humana e da própria história, contribuindo para uma percepção distorcida de si mesmo e do mundo.
Possibilidade de uma Vida Plena
Uma vida plena é uma vida integrada. Integramos nossas experiências no campo da consciência e, quanto mais conscientes das nossas vivências, sejam elas positivas ou negativas, mais plenos e inteiros nos tornamos. Um caminho certo para o desespero, neuroses e para a angústia existencial é a desintegração, alienando-se das mazelas do mundo, das experiências internas dolorosas e da própria história de vida. Alienada de suas próprias vivências, a pessoa não consegue viver a vida em sua integralidade e se fecha num mundo particular que teima em tampar o sol com a peneira. Dessa maneira, negando e distorcendo a si mesmo, não se sente pronto para enfrentar algumas vivências subjetivas ou experiências traumáticas e, por isso, as nega na tentativa de evitar a dor, a tristeza e as angústias que trazem. Porém, é na reflexão sobre tudo aquilo que nos atravessa, seja a vida ou seja a morte, que conseguimos integrar nossa experiência em nossa consciência e nos tornamos plenos para escolher uma vida que nos seja existencialmente significativa.
Tudo isso para dizer que por trás de uma lente embaçada pela qual a tendência da visão é sempre observar o pior do mundo e da vida, por trás de constantes irritações e de contínuas reclamações, existe, muito possivelmente muitos machucados e dores que a consciência não consegue acessar. Por trás de uma perceptividade insistentemente negativa pode haver muita vivência e experiência dolorida demais as quais pode mobilizar medo de mais para serem contempladas e aceitas.
A Busca pelo Equilíbrio
A vida é complexa e cheia de dualidades. Encontrar um ponto de equilíbrio entre o otimismo cego e o negativismo extremo é fundamental para uma vida significativa e integrada. Aceitar a totalidade da experiência humana, com todos os seus altos e baixos, nos permite viver de maneira mais consciente e plena. Ao refletir sobre nossas experiências, sejam elas de alegria ou dor, conseguimos integrar essas vivências em nossa consciência e construir uma vida rica e significativa. Nem ruim demais, nem boa demais. Mas realista. Às vezes boa, às vezes ruim. E, claro, a psicoterapia é um excelente, se não o melhor, recurso para desenvolver a maturidade emocional que uma vida sustentável, satisfatória e potente exige de cada um de nós.
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