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Como compreender e superar a ansiedade patalógica com a Ajuda da Psicoterapia

  • Foto do escritor: Tiago Henrique Oliveira Lima
    Tiago Henrique Oliveira Lima
  • 27 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 22 de out. de 2024


O Brasil é o país com a maior população de ansiosos do mundo, um dado alarmante segundo a Organização Mundial da Saúde. Aproximadamente 9,3% dos brasileiros apresentam algum transtorno de ansiedade – são mais de 18 milhões de pessoas que vivenciam profundo desconforto e sofrimento devido aos altos níveis de ansiedade experimentados.


Arte visual de uma mulher em crise, vivenciando ansiedade ou desespero, com espirais em cima da sua cabeça.

Mas, é importante esclarecer: a ansiedade, em si, não é a vilã dessa história. Na verdade, ela é uma reação natural e essencial para a nossa sobrevivência. A ansiedade normal nos prepara para enfrentar perigos e sempre teve um papel crucial na preservação da espécie. Nesse sentido, ela está diretamente relacionada ao medo, que é uma resposta natural e instintiva a situações de perigo imediato, preparando o corpo para lutar ou fugir. Ele é essencial para a sobrevivência humana, pois nos ajuda a reconhecer e reagir a ameaças, aumentando nossas chances de escapar de situações arriscadas.

O medo é aquele sentimento que surge quando estamos diante de uma ameaça real, como em situações de perigo imediato, por exemplo: o medo de uma pessoa armada e agressiva, de um cachorro bravo ou de um carro vindo em alta velocidade. Nesse momento, o corpo se prepara para lutar ou fugir. Já a ansiedade está mais relacionada à antecipação de um perigo futuro, algo que pode ou não acontecer. É aquela sensação de alerta constante, como se o corpo e a mente estivessem sempre em prontidão, esperando algo ruim.

Enquanto no medo o perigo é real e objetivo, na ansiedade o perigo é subjetivo. Podemos nos preocupar com o trabalho, com o futuro, com a saúde, se vamos “dar certo” na vida, ou com algo mais vago, como se estamos doentes ou se as coisas vão dar errado de maneira geral.

Essa preocupação constante pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo a história de vida, as relações sociais e até aspectos genéticos. Mas, na maioria das vezes, o que vemos é que a maior parte das ansiedades patológicas se relaciona com as experiências e percepções que cada pessoa desenvolve ao longo da vida.

Infelizmente, indivíduos expostos à violência durante a infância e adolescência tendem a desenvolver uma hiperativação da amígdala, a região cerebral responsável pelo processamento de emoções como medo e raiva. De acordo com estudos de neuroimagens e neurocientíficos, como os realizados por McEwen (2003),  Shin et al. (2006) e Teicher, M. H. (2002), essa hiperativação é resultado de uma adaptação neural ao ambiente hostil, preparando o indivíduo para responder de forma mais rápida e intensa a ameaças. No entanto, essa hipervigilância crônica pode levar ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade. É como se a pessoa, por mais que não viva mais situação de ameaça, ficasse sempre em alerta se antecipando a uma situação de estresse ou de violência.

Isso seria então a ansiedade patológica. Ela acontece quando a ansiedade ultrapassa os níveis saudáveis que nos prepara assertivamente para um evento futuro. Não queremos nos livrar completamente da ansiedade e, por isso, não se fala em cura, mas sim, em regulação. Afinal, a ansiedade é uma emoção inerente à condição humana e, em níveis moderados, pode ser benéfica.

O problema surge quando começamos a viver nesse estado de alerta o tempo todo. Muitas vezes, esse estado é alimentado por fantasias de que uma catástrofe (subjetiva) está prestes a acontecer. As reações do corpo a essas sensações – como sudorese, falta de ar, taquicardia, tontura e enjoo – podem ser tão intensas que são facilmente confundidas com problemas de saúde graves, como ataques cardíacos, criando um ciclo de medo e hipervigilância contínua podendo desenvolver a ansiedade generalizada para um quadro de hipocondria ou transtorno do pânico.

Muitas pessoas conseguem, por conta própria, lidar com a ansiedade e encontrar formas de equilibrar corpo e mente. No entanto, quando a ansiedade começa a prejudicar a qualidade de vida de forma significativa, é hora de buscar ajuda profissional.

Embora não existam soluções milagrosas, estudos mostram que algumas práticas que se mostraram eficazes, especialmente quando combinadas. Alimentação saudável (menos carboidratos, principalmente), atividade física (cerca de 150 minutos por semana), meditação, relaxamento ou Mindfulness, respiração diafragmática e, claro, a psicoterapia. Essas práticas associadas podem contribuir para uma importante mudança interna e no estilo de vida da pessa. A psicoterapia, em especial, oferece um espaço de compreensão, aceitação e enfrentamento, que são essenciais para quem busca uma mudança verdadeira e duradoura.

Apesar da Psicologia Humanista estar muito mais interessada nas experiências internas, em minhas sessões, quando sinto que é necessária, aplico uma psicoeducação que desenvolvi com base em pesquisas científicas e nas observações que fiz ao longo da prática clínica buscando promover alívio a pessoa em sofrimento. Recebo muitos feedbacks positivos sobre alívio e redução dos níveis de ansiedade e estresse após essa sessão inicial. O acolhimento somado à psicoeducação em casos mais críticos ajuda a evitar crises mais graves tranzendo maior tranquilidade e segurança para que a pessoa se sinta pronta para o próximo passo: o processo terapêutico.

A psicoterapia vai além de aliviar os sintomas. Ela ajuda a pessoa a entender o significado da sua ansiedade dentro do seu próprio universo de experiências. Não se trata apenas de "anestesiar" o desconforto, mas de compreendê-lo, aceitá-lo e transformá-lo. Assim, é possível mudar de forma profunda e enfrentar a vida com mais plenitude e autenticidade.

Se você sente que a ansiedade está tomando conta da sua vida, agende uma consulta com um psicólogo de sua confiança e descubra como lidar melhor com essa questão tão presente no nosso dia a dia.

Atenciosamente,

Tiago Henrique.





 
 
 

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